+55 35 3697 1551

Poços de Caldas



História de Poços de Caldas - MG

A história de Poços de Caldas começou a ser escrita a partir da descoberta de suas primeiras fontes e nascentes, no século 18. As águas raras e com poder de cura foram responsáveis pela prosperidade da cidade quando as terras começaram a ser ocupadas por ex-garimpeiros, que passaram a se dedicar à criação de gado.

Em outubro de 1886, Poços recebeu o Imperador Dom Pedro 2º. Ele veio acompanhado da Imperatriz Tereza Cristina, para a inauguração de um ramal da Estrada de Ferro Mogiana. Três anos depois, a cidade foi desmembrada do distrito de Caldas e elevada à categoria de vila e município. Seu nome tem relação com a história da família real portuguesa. Na época em que foram descobertos os poços de água sulfurosa e térmica, a cidade de Caldas da Rainha, em Portugal, já era uma importante terma utilizada para tratamentos em muito frequentada pela família real. Caldas da Rainha possui o mais antigo hospital termal em funcionamento no mundo, desde o século 16. Como as fontes eram poços utilizados por animais, veio o nome Poços de Caldas.

Foto 01 Trecho da rua Ceará em 1910. Foto 02 Trecho da antiga rua dos Junqueira no início dos anos 10.

Em 1931, foram construídas as Thermas Antônio Carlos, um dos mais belos prédios da cidade. O balneário passou a oferecer uma série de serviços e tratamentos corporais a partir do uso da água termal, até então inexistentes no Brasil.

Na década de 40, era dos cassinos, Poços recebia a visita da aristocracia brasileira, que passava frequentava os salões do Palace Casino e do Palace Hotel. O presidente Getúlio Vargas tinha uma suíte especial no hotel, com a mesma decoração da que ele usava no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então capital do país. O quarto ainda hoje preserva os móveis e o estilo da época. Mas uma das maiores atrações do hotel continua sendo sua piscina térmica, construída num suntuoso salão sustentado por colunas de mármore de carrara.

Entre os artistas que passaram pelo Palace Casino naquela época áurea estiveram Sílvio Caldas, Carmem Miranda, Orlando Silva e Carlos Galhardo. Estiveram também em Poços de Caldas personagens ilustres como Rui Barbosa, Santos Dumont, o poeta Olavo Bilac e o romancista João do Rio. Entre os políticos, o interventor de Minas Gerais durante o Estado Novo, Benedito Valadares, e o presidente Juscelino Kubitschek, entre outros, foram também presenças constantes.

Poços de Caldas também pertence à Associação Europeia Termal e Histórica (European Historic Thermal Towns Association), após assinatura de termo de adesão, em Caldas da Rainha (Portugal), tornando-se cidade fora da Europa a integrar o roteiro, formado por importantes balneários europeus.

Poços de Caldas, uma cidade literária...

Poços de Caldas é um celeiro de escritores e escritoras. Os pioneiros, abordando a literatura histórica, foram os médicos Pedro Sanches de Lemos (1846 – 1915) e Mário Mourão (1877 – 1957). Destacam-se também Jurandir Ferreira (1905 – 1997), vencedor do Prêmio Guimarães Rosa de Minas Gerais e considerado o maior escritor de Poços de Caldas, que escrevia desde fábulas, contos e poesias a romances; e Antônio Cândido (1918 – 2017), ilustre crítico literário que teve também sua trajetória registrada em Poços de Caldas.
Foto: Pedro Sanches de Lemos, Mário Mourão, Jurandir Ferreira e Antônio Cândido.

Talvez por conta de já ter em seu DNA a literatura, Poços de Caldas tenha, hoje, um volume bastante significativo de pessoas de todas as idades e gêneros que se dedicam à escrita, seja como escritores e escritoras, críticos literários e profissionais de edição e publicação. Prova disso é o Festival Literário e a Feira do Livro do Sul de Minas que contam, anualmente, como a presença massiva de autores e autoras poços-caldenses.

Destaca-se a Academia Poços-caldense de Letras fundada em 21 de outubro de 1977, hoje com 40 titulares. A Academia, sem fins econômicos, sem vínculos político-partidários ou religiosos, tem por finalidades, entre outras, cultivar a Língua Portuguesa; cultivar e incentivar a Literatura; promover o conhecimento e a disseminação de obras literárias de autores nacionais e municipais; e apoiar movimentos literários e artísticos, privados e oficiais.

Em Poços de Caldas é comum vermos ações literárias em praças e bibliotecas. A Biblioteca Centenário, localizada no Espaço Cultural da Urca, recebe rotineiramente rodas de prosa e Clubes de Leitura. Aliás, clubes de leitura por aqui acontecem em vários lugares, como Galerias, Parques, Cafés, Sebos, Biblioteca Centenário e até mesmo em uma Chocolateria. Não é preciso buscar muito para encontrar literatura em todos os ambientes e pessoas sentadas lendo nos bancos das praças.

Em 2015, a Câmara Mineira do Livro divulgou pesquisa intitulada O Livro em Minas Gerais, que coloca Poços de Caldas com o maior índice de leitura do estado, e com média acima do registrado em âmbito nacional. Na referida pesquisa destaca-se que os leitores poços-caldenses leem em média 4,34 livros por ano. A média nacional é de 1,85 e em Minas Gerais de 1,62.

Já em 2019 nova pesquisa foi realizada pelo mesmo órgão, e mais uma vez Poços de Caldas aparece dentre as cidades com maior número de habitantes que possuem o hábito da leitura: Belo Horizonte é a cidade com maior número de pessoas que afirmam gostar de ler (63,14%), seguida por Juiz de Fora (58,59%) e Poços de Caldas (57,47%).

O Festival Literário Flipoços acontece em Poços de Caldas há 18 anos e já alcançou renome internacional, com presenças de autoras e autoras do Brasil e do exterior. Mesas de debate, rodas de prosa, lançamentos literários, apresentações diversas, literatura para crianças, jovens e adultos. O Flipoços foi vencedor do Prêmio Retratos da Leitura 2018 realizado pelo Instituto Pró Livro, Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato das Editoras de Livros (SNEL) e Abrelivros, na categoria Cadeia Produtiva, como um dos festivais literários mais inclusivos, democráticos e importantes do Brasil.

Foto 1 e 2: Curadora do Flipoços, Gisele Ferreira, recebendo o Prêmio IPL Retratos da Leitura em 2018 na categoria Cadeia Produtiva. Foto 3: Participação de atividades do Folio em Óbidos-Portugal em 2019.

Em 2023 outra cidade portuguesa tornou-se cidade-irmã de Poços de Caldas. A geminação leva em conta a disposição mútua das cidades de Poços de Caldas - MG e Ponte da Barca, Distrito de Viana do Castelo/Portugal, em se irmanarem a partir de suas peculiaridades, especialmente nas áreas da Literatura, Livro e Leitura, a incontestável vocação de Poços de Caldas para a literatura.

Fotos do Irmanamento entre Poços de Caldas e Ponte da Barca em 2023.

Em 2016, Poços de Caldas, passou a ser “Poços de Caldas, cidade literária” pela Lei n. 9148/2016.